quinta-feira, 18 de novembro de 2010

17. TEMA 12 - "HISTÓRIA E CIÊNCIA SOCIAL"

Caros Alunos,
 
Leia o texto: "Tempo e Narrativa”, de Paul Ricoeur (disponível em: www.4shared.com/dir/36018896/ ). Elabore um texto com seus comentários e envie para postagem até o dia 29 de novembro.  

27 comentários:

  1. Link inválido e texto não achado =////////

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  2. o link da quebrado,e o texto na internet é enorme,é pra lê ele inteiro ou só uma parte?

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  3. Christian, o professor falou em sala que podemos ler só uma parte, a introdução..
    E eu não achei o texto na internet, tem como me repassar?

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  4. Esse?
    http://www.4shared.com/document/KVznwu8b/ricouer_paul_tempo_e_narrativa.htm

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  5. Ao fazer uma breve leitura sobre as ideias centrais de “Tempo de Narrativa” de Paul Ricouer, é possível relacioná-las com algumas dificuldades encontradas nas ciências sociais, ou seja, com uma parte dos chamados “Problemas Metodológicos das Ciências Sociais”.

    Para Ricouer, a narrativa da história e a de um romance têm muito em comum: “a ficção é quase história, tanto quanto a história é quase ficção” (1997, p.329).

    No caso da ficção, ela se assemelha à história por lidar com acontecimentos irreais como se fossem fatos passados. Já a história se assemelha à ficção porque relata os acontecimentos reais, mas estes são completados pela imaginação e intuitividade do autor, que conecta os fatos para conceder-lhes sentido.

    Quando um historiador executa o seu trabalho, relatando os fatos passados, este, de certa forma está transmitindo tais acontecimentos com base em seu próprio mundo de ideias, o chamado “mundo do autor”. Quando escreve, ele se utiliza de sua própria linguagem e conceitos, que foram formados através de sua experiência, e a isto soma-se seu poder criativo e interpretativo para relacionar e conectar os fatos a serem relatados.

    A narrativa, quando chega às mãos do leitor, é interpretada por ele também com base em sua experiência e seu imaginário (“mundo do leitor”), assim, nunca se sabe o quão próximo se chega à verdade de um fato histórico, visto que este, na narração, entrecruza-se com a ficção.

    Portanto, se mesmo nas narrações históricas não se sabe até que ponto os fatos narrados se aproximam do real, nas ciências sociais, que dependem de estudos baseados em dados e fatos relatados, o problema encontrado é o mesmo. Até que ponto as teorias formuladas estão mescladas com o imaginário e com a ficção?

    Abaixo, uma citação extraída da obra “Confissões” de Santo Agostinho, e utilizada por Paul Ricouer em “Tempo e Narrativa”:

    “Aliás, quando narramos coisas verdadeiras, mas passadas, é da memória que extraímos, não as próprias coisas, que passaram, mas as palavras concebidas a partir das imagens que elas gravaram no espírito, como impressões, passando pelos sentidos.”

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  6. Paul Ricouer foi um filósofo francês que viveu no período posterior à segunda guerra-mundial. Era um autor da escola hermenêutica que desenvolveu em Tempo e Narrativa teorias baseadas em confrontos com as idéias de Aristóteles e Agostinho, principalmente.

    Dos debates entre as correntes analíticas e hermenêuticas surgiram teorias como as de Paul Ricouer, teorias que proporcionaram uma visão científica sobre a psicanálise ou a história por exemplo. No caso da história ela pode ser considerada, em uma visão hermenêutica, como a mais importante para no século XIX, visão que somente foi contraposta com Comte, que disse a sociologia ser a ciência mais importante, apesar do caráter histórico que foi dado a ela nesse período.
    No discurso narrativo deve se levar em conta o fato, o que acontece na realidade, as interpretações da linguagem devem ser capaz de traduzi-los, o interlocutor em contra ponto interpreta a narração de acordo com suas idéias já existentes sobre o fato. Dessa maneira a narrativa histórica é altamente complexa, e é essa ponto que Ricouer explora.

    Destacamos inicialmente a diferenciação dada no tomo 1 à metáfora (“tropos”) ou figuras do discurso, e narrativa (“gêneros literários”), que foram objetos de obras gêmeas, como dito no texto, mas que acabaram sendo editadas separadamente: Tempo e Narrativa e Metáfora Viva, mas que tratam contudo do mesmo objeto de estudo, a inovação semântica.
    Com relação à metáfora Ricouer diz que inovação se dá na produção de uma nova pertinência semântica, por meio de um valor que é impertinente. Diz que a metáfora permanece viva o quanto tempo percebemos, através da sua nova pertinência semântica, e que o deslocamento do sentido de certas palavras, postas no enunciado metafórico é somente um meio a serviço do processo, que se situa no sentido da frase inteira, ou seja, não constitui a totalidade metafórica.
    Já na narrativa, a inovação se dá no sentido de intriga, e sua virtude é que objetivos, causas, acasos, são colocados em uma unidade temporal de uma ação completa. E é isso que aproxima a narrativa da metáfora.
    Nos dois casos a inovação pode ser vinculada à imaginação produtora ou, mais precisamente, ao esquematismo.
    Aristóteles disse: “ Produzir metáforas bem, é perceber o semelhante”. Pois o que mais pode ser perceber o semelhante se não instaurar a própria similaridade, como disse Ricouer, aproximar termos que a princípio pareciam afastados.
    No entanto o paralelismo feito entre metáfora e narrativa vai mais longe, além do problema da estrutura ou do sentido, vai para o valor da referência e da verdade. Esse ponto foi defendido por Ricouer que disse, “a função poética da linguagem não se limita à celebração da linguagem por si mesma, tal como predomina na linguagem descritiva.”

    Ricouer em seu estudo desenvolve então um conceito de nova hermenêutica , que possui um aspecto de distanciação, que reflete a relação inter-humana através do texto. Este conceito de distanciação possui cinco temas centrais; 1- realização da linguagem como discurso, 2- realização do discurso como obra estruturada, 3- relação da fala com a escrita no discurso e nas obras de discurso, 4- obra do discurso como projeção de um mundo e 5- o discurso e a obra do discurso como mediação da compreensão de si; estes cinco temas formam os critérios de textualidade.
    Assim o mundo da obra, foi desenvolvido de tal maneiro por Ricouer que passou a ser a questão central e núcleo ordenador da nova hermenêutica. O papel do texto passou a ser central pois, é através do texto que a obra se desenvolve, descobre e se revela.

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  7. O texto sugerido: “Tempo e Narrativa” de Paul Ricoeur expõe as variadas formas de compreensão histórica dos fatos, procurando evidenciar a relação entre a leitura e a percepção de verdade. Diante dessa reflexão é possível entender que tal concepção apresenta a problematização de que o leitor não consegue chegar ao que o autor do texto pretende expressar se não houver a distinção do contexto histórico que sobressai à realidade. Ricoeur direciona a discussão para a experiência a partir de elementos temporariamente fictícios, em que os textos, que constituem uma obra, fazem parte de um mundo externo. Este processo nos remete ao pensamento hermenêutico, anteriormente estudado com Gadamer em sua obra: “Verdade e Método”, que defende a idéia de que é necessário a ação de outro agente para que, no caso, consiga-se obter uma interpretação integral de determinados assuntos a partir da mediação entre tempo e narrativa.

    Para formular sua teoria a respeito da descrição histórica, Paul Ricoeur recorre aos ensinamentos de influentes pensadores, principalmente Santo Agostinho, afirmando que a ficção qualifica o processo de narração, além de notar que o conjunto de pretensões verídicas representa a intriga do paradigma do tempo agostiniano. Nesse contexto, o autor diferencia a narrativa fictícia da real (histórica), certificando-se de que é preciso submeter à distinção entre fictício ou imaginário e real, para assim obter a maior diferença entre narrativa de ficção e narrativa histórica: a preocupação de uma em buscar um apreço pela verdade. Diante disso, surgem relações temporais das partes de um todo entre si: a cronologia, marcada pelo aspecto objetivo do tempo e a não-cronologia, que dispõe a dimensão da constante mudança dos acontecimentos históricos. A partir de então Ricoeur assegura que existe entre a narração de uma história e o tempo, em que a interferência da experiência humana que pode mais tarde vir a revelar uma condição determinante para a constituição de uma cultura.

    Dessa forma é possível perceber que o tempo é essencial para definir a transformação da história do mundo, aberto para novos conceitos de caráter hermenêutico, que para Paul Ricoeur é uma condição necessária para a compreensão dos fatos e para designar comprometimentos éticos que poderão conquistar a identidade desse tempo. Durante a realização da leitura a história pode apresentar características da ficção, isto porque o leitor se envolve em uma vivência imaginativa e é através dessa relação entre ambas que o autor reflete sobre a possibilidade de englobar semelhanças à verdade, do real com propósitos da ficção. Segundo Ricoeur: “a narrativa é significativa na medida em que esboça os traços da experiência temporal”, ou seja, o tempo então é uma decisão humana à medida que é demonstrado de modo narrativo. Acredito que a utilização da hermenêutica narrativa serve como uma metodologia para conciliar a leitura e a ética e pacificar o atrito entre a realidade e a literatura, permitindo que o contexto narrado seja interpretado de acordo com os aspectos da vida cotidiana.

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Sobre o prefácio do texto :"Tempo e Narrativa”, de Paul Ricoeur se baseia na nos Textos "A Metáfora Viva " e "Tempo e Narrativa", que tem o mesmo fenômeno central de inovação semântica.
    A metáfora é uma produção de pertinência semanatica, que serve para salvar uma pertinêscia de receber uam predicação"bizzara" ameaçada pela inconguência literal atribuida. A narrativa concistiria numa invenção de intriga , causando uma síntese entre objetos , causas e acasos, acaba aproximando a narrativa da metáfora.
    O que me interessou mais neste prefácio dos texto são as explicações dadas pelo autor para as metáforas , de como elas sozinhas eram extremamente simples antes da inovação e com esta inovação na semantica ,elas adiquirem uma maior importância de funcionalidade .Cmo também as citações sobre Aristóteles feitas : "Produzir metáforas bem ,dizia Aristóteles, é perceber o semelhante .", essa assimilação predicativa que uniria termos que a princípio estariam separados, possibilitando novas espécies de lógicas por assimilação predicativa.


    Atraso devido a motivos pessoais

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  10. No texto Tempo e Narrativa , Paul Ricoeur elabora sua tese analisando os fatos através de sua estrutura histórica, analisando também a concepção de tempo dado a narrativa . Baseado incialmente nas teses de Santo Agostinho e Aristóteles ele faz a tese da reciprocidade . Por meio da mediação da narrativa e do tempo ele elabora a tríplice mimese . Na Mimese I ele apresenta um mundo prático ainda não narrado e não explorado pela atividade poética; na Mimese II, que ele considera a mais fundamental , ele mostra uma pré-narrativa que será referencia para o ato na construção poética ; e a Mimese III mostra que a mimese não se encerra no ato da configuração do texto, mas sim na atividade da leitura.
    O autor também considera a referencia histórica do texto algo muito importante, afinal ela é a guardiã do passado dos homens , e baseia seu texto nisso. Ele não analisa a ficção , e diz que o que separa a verdadeira historia da ficção é a busca das verdades, na narrativa você busca coisas verdadeiras e falsa , as falsas pertencem a ficção enquanto as verdadeiras a narrativa real.
    A partir do texto podemos concluir que o tempo é um fator fundamental para o estudo da narrativa , afinal ele mesmo define a historia , diferenciado o presente , o passado e o futuro , e como o próprio autor enuncia :“ o tempo se torna humano na medida que esta articulado ao modo narrativo “.

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  11. *Como já havia comentado meu atraso é devido aos estudos pelo fim do quadrimestre (provas), preparos do vídeo e questões pessoais. É o primeiro post que faço fora da data, espero que possa aceitar.

    “História” se traduzido ao pé da letra do grego é “eu vi, eu estava lá”. O que fazemos e estudamos devia ser encarado como “historiografia” significando escrita, interpretação de um acontecimento do que propriamente “história”. Com Max Weber vemos a importância dela para o estudo da Sociologia. Assim como o historiador traça um quadro com perfil generalizando certas idéias ou certas práticas econômicas para entendê-la, o sociólogo necessita também desse recurso, a conceituação de tipos ideiais weberianas recorta aspectos da história para caracterizar uma prática específica importante para entender a sociedade de ontem que trouxe conseqüência para a de hoje, por exemplo, a figura de Benjamim Franklin é um Tipo Ideal, um recorte para podermos explicar, compreender a sociedade.

    Compreensão é a matriz da escola hermenêutica de Paul Ricoeur, que também discute o caráter epistemológico e critérios de cientificidade para a História ou Historiografia no texto “Tempo e Narrativa”. No texto proposto achei particularmente interessantes os conceitos de Tempo, Narrativa e Mimésis de Ricoeur e como eles se intercruzam. Para Ricoeur “o tempo torna-se tempo humano na medida em que está articulado de modo narrativo; em compensação, a narrativa é significativa na medida em que esboça os traços da experiência temporal” e a idéia de mimésis do grego antigo “imitação de uma ação, representação” dentro da “dramática intriga temporal”, conceituada no texto “Poética” de Aristóteles. Na mimética é como encaramos, encenamos ou interpretamos o que vemos, estruturando a noção do ato narrativo, intermediando o ficcional do histórico, a compreensão prática (experiência, vivência) da compreensão narrativa, pressupondo que o viver (histórico) humano faz entender o que está representado.

    Pessoalmente gostaria de enfatizar a ligação da História com a Ciência Social, a História é um parâmetro para reflexão. As duas se completam, uma fornece a causalidade e a outra identifica eventos e problemas. Nesta temporalidade absoluta ou relativa, é fato que a História ensina a não repetir os mesmos erros e etc. Enfim...É, estamos perdendo “tempo” nesta “narrativa” filosófica. Tchau!

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  12. Em “Tempo e narrativa”o autor mostra a função expressiva ou figurativa feita pela narrativa ficcional como exemplo estrutural análogo a toda obra narrativa. Fiel ao modelo hermenêutico de sustento dos conflitos antinômicas, Ricoeur passa pelas as aporias do período no pensamento ocidental definindo, entre concepções paradoxais – como a do muthos trágico em Aristóteles e a de distentio animis em Agostinho, ou além disso a de um tempo fenomênico, físico, em Kant e a de consciência íntima do tempo em Husserl Entretanto, como Ricoeur adota que, a temporalidade como fio entrelaçado pela narrativa não está de fato em Aristóteles.

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  13. O texto de Paul Ricoeur mostra diferentes visões de determinados fatos históricos ao longo do tempo. Isso demonstra que uma mesma história pode variar dependendo de quem esta contando. O que tira aquela certeza da ocorrência de certos fatos durante a história humana. Mas, de maneira nenhuma isso tira a credibilidade de quem estudou e estuda para contar as histórias à população. De modo que o estudo dos diferentes fatos históricos serve de base para entender as demais humanidades e ciências sociais.
    As ciências sociais, em especial, necessitam do estudo da história para poder evoluir, já que é a partir do entendimento da repetição de determinados fatos que as ciências sociais conseguem encontrar meios de criar teorias para tentar evitar que situações cheguem aos extremos e solucionar problemas já existentes na sociedade.
    Na realidade essa dependência é mutua, já que os estudos das ciências sociais, as teorias e análises dos problemas sociais contribuem para um melhor entendimento de certos episódios da história. E sem o estudo da história, da compreensão dos fatos ocorridos,da quantificação e qualificação destes fatos, seria impossível a existência de ciências sociais capazes de entender as complexidades humanas.

    Post atrasado por motivos pessoais

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  14. O maior objetivo, e tarefa da qual Paul Ricoeur se ocupa durante todo o texto “Prefácio”, de “Tempo e Narrativa”, é nos proporcionar um paralelo entre metáfora e narrativa. Paul diferencia às categorias literárias às quais as metáforas e as narrativas pertencem, mas deixa claro que os efeitos que elas causam são os mesmos e referem-se ao âmbito das inovações semânticas, isto é, inovações no sentido literário, que só podem ocorrer em nível de discurso.
    As palavras sofrem deslocamento de sentido nas metáforas, isto é, adquirem novo significado, não usual. Esse efeito de mudança só é sentido realmente quando a palavra se integra à uma frase, pois só assim fica claro que ela não está sendo utilizada da maneira com que estamos habituados.
    A relação entre metáfora e e narrativa se encontra nesse potencial inovador que ambas possuem, e na narrativa esse potencial se pode conferir por meio de suas intrigas, isto é, por meio da história e enredo inédito que ela conta, sendo uma “metáfora viva”.
    Ambas essas inovação são creditadas à imaginação humana e seu poder criador. Atribuir aspectos similares a termos antes tidos como distantes, trata-se de um processo de aproximação de espaços lógicos, processo esse que é o produtor das metáforas. No caso da narrativa, eventos múltiplos e dispersos são agrupados e organizados de forma que deem sentido e progressão à história.
    Paul afirma que esse processo formador e característico da narrativa a afasta da precisão da historiografia científica, devido à sua falta de racionalidade legisladora (da narrativa). Explicar mais, nos dois casos, implica em maior compreensão do que a metáfora ou narrativa quis passar ao leitor. Seu livro detém-se, principalmente, na função mimética da narrativa, que configura-se por dar uma aparência nova por meio da ficção à ordem antes concebida. Essa função pertencente exclusivamente à narrativa atua, principalmente, no âmbito da ação e dos valores temporais.
    O que transporta Paul Ricouer e sua visão à sociologia é sua afirmação de que, através de narrativas, expomos (de forma alterada) experiências e visões nossas, todas confusas, e aí as ordenamos. Portanto, a narrativa, e por consequência e por inferência, a literatura, é uma ferramente a ser usada pelos cientistas sociais para conhecer o consciente dos indivíduos e como isso influenciaria nos fenômenos sociais, afinal, as intrigas por nós escritas nada mais seriam que uma ordenação de nossa consciência e experiência de vida.

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  15. Professor, esqueci de adcionar acima que meu post está atrasado por motivos de ordem pessoal, espero que o professor entenda e aceite meu texto. Obrigada.

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  16. No Prefácio de “Tempo e Narrativa” de Paul Ricouer, o autor busca logo de início relacionar este escrito com outro chamado “Metáfora Viva”, dizendo que estas são gêmeas, e que, apesar da diferença de tempo de publicação, foram escritas juntas.
    O filósofo francês estabelece um paralelo entre as duas indicando características hora da metáfora, hora da narrativa. A partir daí, Ricouer diz que “a metáfora permanece viva tanto tempo quanto percebemos, através da nova pertinência semântica, a resistência das palavras no seu emprego usual e, assim também, sua incompatibilidade no nível de uma interpretação literal da frase”, ou seja, a metáfora é utilizada tanto tempo quanto ela fizer sentido, e que parte desta utilização se dá justamente por não podermos interpretá-la literalmente. Em seguida, o autor relaciona esta metáfora com a narrativa através do que ele chama de “Síntese do heterogêneo”, que são intrigas, objetivos, causas, acasos, juntos dentro de um mesmo espaço temporal, constituindo a “estória” (no sentido utilizado por Guimarães Rosa em “Primeiras Estórias”).
    No parágrafo seguinte, Ricouer propõe a junção de coisas aparentemente distintas e mostra que tanto a narrativa quanto a metáfora fazem isso. A metáfora faz com que possamos produzir novas espécies lógicas de modo a compararmos com aquilo que temos visto anteriormente, mesmo que a partir de coisas distintas. A narrativa reune em si, a história toda em questão, os acontecimentos, os personagens, basicamente como um aglomerado de coisas distintas dentro de uma gaveta chamada narrativa (metaforicamente falando para dar ênfase ao dito por Ricouer).
    No decorrer do texto, o autor busca demonstrar as diferenças do método de compreensão das duas formas, sendo: a metafórica, que busca apreender o dinamismo, a mudança das metáforas, como “uma nova pertinência semântica emerge das ruínas da pertinência semântica”; a narrativa, busca a apreensão da ação inteira e completa relacionada com as diversidades criadas pelas circunstâncias, em geral. Um trecho que deve ser destacado deste breve prefácio é o seguinte: “Em grande parte, o problema epistemológico colocado pela metáfora ou pela narrativa, consiste em ligar a explicação empregada pelas ciências semilingüisticas à compreensão prévia que se refere a uma familiaridade adquirida com a prática da linguagem, tanto poética quanto narrativa”.
    Outras ideias apresentas por Paul Ricouer é de que a poesia não se limita apenas à celebrar a linguagem, mas que a função poética é de trazer à linguagem “aspectos, qualidades, valores da realidade” que de uma forma descritiva não podem ser alcançados.
    O autor pretende ainda introduzir-nos à função mimética da narrativa, função esta que, nas palavras do próprio autor, significa “configuração nova por meio da ficção da ordem pré-compreendida da ação”, ou seja, utilizaríamos a ficção de uma ordem que seria apreendida antes da ação ocorrer, para criar uma configuração nova. E com isto, Paul Ricouer busca aproximar ainda mais a função mimética da intriga com àquela referência metafórica. Sendo a referência metafórica, responsável pelos “valores sensoriais, práticos, estéticos e axiólogicos” que, segundo o autor, tornam o mundo habitável; e a função mimética das narrativas ocorreria no “campo da ação e de seus valores temporais”.
    Por fim, Ricouer diz que vê nas intrigas inventadas por nós o meio que utilizamos para reconfigurarmos a experiência temporal taxada como confusa. Para complementar, o autor afirma que estas fronteiras entre as duas é instável, pois as intrigas que alteram o campo prático englobam não só o agir, mas o padecer, e neste contexto, “tanto os personagens como agentes quanto como vítimas”, ou seja, tanto influentes quanto influenciados.

    OBS: Post fora do prazo devido ao grande numero de avaliações no período
    Grato pela compreensão

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  17. Um dos pontos principais que Ricouer faz no seu livro "Tempo e Narrativa" é o de o trabalhos dos historiadores é tão científico quanto os textos da literatura.Quando um autor cria um texto de ficção ele esta criando uma história a partir de fatos que não aconteceram realmente, porém no seu texto eles são relatados como verdades, no caso de um historiador, mesmo tentando se basear em dados reais, ele acaba por modificar certos pontos do acontecimento,e alguns dados não podem ser realmente comprovados, isto faz com que seus textos não sejam realmente imagens perfeitas dos acontecimentos que o autor que descrever.
    No meu ver este processo de alteração ocorre tanto por interesses pessoais do autor, quanto por interesses nacionais,ou seja,o que as pessoas do país querem ouvir sobre tais acontecimentos. A história muitas vezes acaba por ser modificada para quem detêm o poder possa se justificar em acontecimentos supostamente verídicos. Assim muitas vezes quem vence certo conflito acaba por escrever a história, que nem sempre se assemelha com o que realmente aconteceu.
    Mesmo assim eu ainda acredito que a história ainda está mais perto de uma ciência como as demais do que a literatura,já que apesar de sua modificações e dados nem tão precisos,ele ainda tem por base acontecimentos que realmente aconteceram, enquanto que a literatura de ficção não.

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  18. Após o contato com o texto selecionado e leituras sobre Paul Ricoeur e suas obras percebi que o autor tenta estabelecer e relatar uma relação entre a verdade história e o ato da linguagem/leitura. A história seria interpretada como uma ciência, e essa é expressa através da linguagem. Ricoeur estabelece a relação entre o historiador e sua obra, observa que o modo como os fatos são relatados e acontecessem, esta ligado a interferência dos indivíduos que a constituem, pois são eles próprios que a desenham.
    O passado é relatado através de uma narrativa, o tempo gerado pelas ações humanas cria essa possibilidade de ser um produto narrativo, pois este pode ser relido por quem o estiver investigando. Como produto de uma narrativa a história tem como pressupostos a interpretação do leitor que ao ler uma obra também usa suas próprias vivencias para entender e extrair os fatos, interferindo, portanto no texto histórico. As intenções do autor, o modo como ele repassa os acontecimentos, ou seja, que elementos este julga ser importante para ser exposto, quais aspectos objetivos- o que espera-se que impere na história se esta for considerada como ciência- e também aspectos subjetivos, o que não lhe dá ares de apenas uma literatura fictícia, pois nessa subjetividade estão elementos preciosos quando se trata de ações humanas, que contem ambos aspectos convivendo em conjunto. Como um autor hermenêutico Ricoeur ao expor o fato da leitura e criação de textos históricos, relata que há vários fatores, vários pontos que são indispensáveis para que haja a história, alem dos pontos citados, há a participação efetiva de quem os lê, ou seja, não é relevante apenas o autor dos textos históricos, ou seu conteúdo, mais as intenções que levaram o autor a escrever, quais influencias este sofreu, como será interpretado pelos leitores, ou seja, todos os fatores que estão presentes junto ao leitor no momento em que este toma contato com o texto. Assim há a necessidade do narrador dos fatos, mas também do leitor, o receptor da narrativa. Percebi que para Ricoeur, o texto só será completo se este for lido. Como narrativa a história, como dito anteriormente, é interpretada e desse modo não possui apenas uma verdade histórica, mais um conjunto de verdades históricas, que estão em constante interação. O que comprovaria isso é que por depender da interação entre a obra e sua interpretação, nem sempre o sentido que o autor queria ressaltar é o mesmo absolvido pelos seus leitores. Um exemplo são as metáforas, pois dependendo da metáfora usada, esta pode gerar um sentido positivo para o autor, mais ser interpretado como negativa pelo leitor, ou seja, expondo diferentes verdades históricas, que uma única obra pode conter.
    Professor desculpe pelo atraso da postagem, tive imprevistos e esse final de quadrimestre foi tumultuado, cheio de provas, trabalhos e textos de outras matérias para ler também.

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  19. O tema desta postagem busca relacionara história com a ciência, traz o texto "Tempo e Narrativa" de Paul Ricoeur, no entanto, não se trata de um historiador, mas sim de um filósofo. Ele pertence a uma tradição hermenêutica, que dá a história um papel muito mais importante do que a tradição analítica, que limita muito a história, a simples analise de documentos.

    Pela hermenêutica a história pode analisar as sociedades antigas e traçar algum padrão comum a determinadas sociedades, podendo ser utilizado para prever no futuro uma situação.
    A narrativa é a forma de escrita da história, a hermenêutica é seu método. Na hermenêutica de Ricoeur, o sujeito participa da construção do objeto, ao mesmo tempo em que é construído por ele.

    Para o autor "o tempo torna-se tempo humano na medida em que está articulado de modo narrativo; em compensação, a narrativa é significativa na medida em que esboça os traços da experiência moral." Desta maneira o ato de narrar ocorre no tempo e a história narrada encontra-se correlacionada entre a temporalidade da experiência humana e da narrativa.

    Para Ricouer a definição da história como narrativa não compromete sua identificação com a ciência e com o vivido, ele considera que a fragilidade cientifica da história não está em seu caráter narrativo, mas reside na fragilidade das leis gerais admitidas na explicação da história.

    A ficção é entendida pelo autor, como uma configuração literária que ignora a ambição de construir uma narrativa verdadeira.

    Obs.: Peço desculpa por fazer o meu comentário agora, mas as últimas semanas de aulas, provas, trabalhos, acabaram por ocupar bastante do meu tempo.

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  20. O texto "Tempo e Narrativa" de Paul Ricoeur apresenta argumentos para explicar todos os questionamentos envoltos quando um autor relata acontecimentos históricos.

    O historiador ao relatar a história através de documentos, publicações está acrescentando ao seu texto, mesmo que inconscientemente, fatos ligados à sua capacidade indutiva e imaginária, ou mesmo ignorando fatos que, naquele momento, não fazem tanto sentido e por isso são descartados.

    Tais lacunas podem trazer incertezas se analisados pelo método científico.
    Mas tal procedimento é fundamental, caso queira-se dar continuidade e sentido ao andamento do passar do tempo histórico.

    A história, nesse caso, assemelha-se muito com a literatura, que cria um mundo próprio, particular, que é real dentro da fantasia, mas é fantasia dentro da realidade.

    De qualquer forma, a ciência social depende muito da história, para analisar fatos e propor soluções, métodos, teorias.
    Possíveis erros históricos (proporcionados pelo autor ou mesmo pela interpretação equivocada do leitor) são um preço que se deve pagar para o procedimento dos estudos das ciências sociais.

    A ciência, que historicamente prezou pela verdade, abriu uma exceção para a verdade, até que se prove o contrário.

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  21. Os estudos científicos ou não, o conhecimento humano em geral, é desenhado em grande parte, a partir da construção histórica, dos erros e acertos do passado.
    No caso da ciência social não podia ser diferente, o estudos dos métodos de análise da sociedade englobam essa visão histórica, mas é então, papel desse cientista analisar a origem e eficácia dessa forma de análise.
    Paul Ricouer, em sua obra “Tempo e Narrativa”, aborda os aspectos interpretativos dessa análise histórica, aspectos esses que são suscetíveis ao autor e ao leitor, em um misto de história e ficção. Para o autor, esse entendimento está sujeitado ao mundo de idéias do autor e leitor envolvidos nessa busca por conhecimento, sendo assim há certa individualização na interpretação da teoria ou experimentos em questão.
    A questão a ser levantada é a influência desse tipo de interpretação na veracidade dos fatos, e no caso específico de nossa análise, nas teorias sociais, veracidade essa que juntamente a não subjetividade são pressupostas do conhecimento científico. E se torna necessário pensar, quando diante de um texto científico, até que ponto essas interpretações se aproximam do real e verdadeiro.

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  22. Analisando brevemente "Tempo e Narrativa", podemos dizer que o tempo não existe. Mas o homem, com o seu desenvolvimento, passou a medi-lo, quantificá-lo, consciente de que o tempo não para, não volta. Criou ferramentas para isso como calendários, anuários, agendas. O homem então, chegou ao ponto de prever o tempo - pura ilusão. É a narrativa que coroa esse falso superpoder humano. A narrativa possibilita ao homem expressar, externar o pensamento, construir cultura e até cultuar ilusões. O tempo continua sendo e será como ele sempre foi: uma corrente contínua, como só ele sabe ser, independente, sem dar satisfações a ninguém, autônomo.
    A narrativa foi uma das maiores invenções do homem,e cuja ferramenta, a linguagem, nos faz parecer imortais. Tudo o que fazemos ou deixamos de fazer depois que aprendemos a registrar nossa passagem na terra – inscrições, escritas, imagens ‒ são vestígios de memória, indícios históricos. Ao criar, fazer, produzir, deixamos registrado tudo que fizemos para a posteridade. Os processos de conservação dos registros também são formas de enfrentarmos o desafio de superar o tempo, transcendê-lo.
    Paul Ricceur diz que a experiência temporal e a narrativa se enfrentam diretamente, de forma a gerar um impasse sobre a memória e sobre o esquecimento porque a memória e o esquecimento são níveis intermediários entre o tempo e a narrativa. A narrativa nos deu o superpoder da eternidade histórica, por meio da memória social.
    Sob essa característica de eternidade histórica, podemos analisar comportamentos humanos passados, comparar com situações atuais, fazer um paralelo entre as mudanças ocorridas. Utilizamos a narrativa, a história como uma importante ferramenta nas ciências sociais. Marx mesmo acreditava que cada fenômeno social tinha uma ligação histórica, uma ligação com a história das classes sociais.

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  23. O texto Tempo e Narrativa de Paul Ricoeur disserta sobre os tipos de compreensão dos fatos, vinculando a verdade expressa pela história àquela produzida pela literatura. O estudo histórico é embasado no estudo científico, que por sua vez pode ser melhor interpretado (pelos que a ele tem contato) através da linguagem literária. O autor postula neste trabalho a máxima de que “um homem não pode estar apartado de suas ideologias”, sendo assim o historiador através da construção de suas teses, faz com que aquilo que redige influencie de certa forma na formulação do pensamento social.
    A história seria, portanto, um construto desenvolvido pelas mãos de todos (onde todos interferem acrescentando algo), ou seja, através da leitura e interpretação do leitor ele não somente racionaliza como também subjetiva a produção histórica refletindo sobre os casos deixando-se influenciar por suas vivências para posteriormente agir motivado pelo que infere. Sendo que para o leitor é de suma importância distinguir o contexto histórico daquilo que sobressai a realidade para uma melhor compreensão daquilo que o autor pretende expressar.
    Temos portanto que a história desta forma não possui o caráter de explicitadora dos fatos verídicos, e sim é construída à partir de divergentes verdades extraídas da história que sobrepõe-se umas as outras. Ricoeur através dessas análises trabalha com o conceito de metáfora, o qual diz respeito a algo que pode ser explícito de forma semântica, onde através de um deslocamento do sentidos participa de um processo de interpretação mais amplo expresso pela “totalidade metafórica”.

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  24. Obs: Post fora do prazo devido ao grande número de atividades propostas por outras disciplinas no final deste quadrimestre e a dificuldade de concilia-las.
    Espero que compreenda. Desde já agradeço.

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